O peso de ser Google

Vint Cerf google
Em sua última viagem ao Brasil, o vice-presidente do Google, Vint Cerf, recebeu o Correio/Diario para contar o que pensa sobre a internet atual, quais são os objetivos dos mais recentes projetos da companhia, como o Wave e o Android, e até para fazer o que mais sabe: previsões para o futuro da web.

Vint Cerf é conhecido por ter participado da criação do TCP/IP, protocolo considerado a base de toda a rede, o que lhe valeu o apelido de “pai da internet”. E como todo pai, ele se preocupa com o crescimento saudável de seu filho. “Devemos alertar as pessoas de que se abusarem do sistema (da rede) haverá consequências”, comentou, sobre os atuais projetos que pretendem vigiar o que internauta faz enquanto navega.

Entrevista – Vint Cerf

“Não achamos que toda a criatividade está no Google. Está em vários lugares”

Recentemente vimos algumas instabilidades sofridas pelos serviços do Google. Qual os principais fatores desse tipo de inconstância?

Usualmente, é um problema de configuração. Quando cometemos um erro nesse quesito, o serviço acaba não ficando acessível. Algumas vezes, também é devido à capacidade disponível no computador. Nós nos preocupamos muito com isso, porque sabemos que as pessoas esperam que os nossos serviços funcionem 24h e que respondam bem.

Atualmente, o Google é dono de 64% das buscas feitas na internet. O senhor acha que há lugar para muitos competidores nesse setor?

Eu acho que sim. Na verdade, isso é algo bom para os usuários, porque significa que existe uma competição constante para oferecer melhores serviços de pesquisa. Nós vemos isso como motivação para fazermos mais pesquisas de qualidade nas buscas.

E eu acredito que a razão pela qual as pessoas são atraídas para o Google é que nossa ferramenta de busca parece fazer um trabalho melhor, dirigindo as pessoas às informações que elas procuram.

O que o senhor acha da nova investida da Microsoft no setor de buscas, o Bing?

Acho que eles reconheceram o valor do serviço de buscas, assim como o Wolfram (Alpha), entre outros, e entendo a motivação de tentar entrar nesse setor. A verdadeira questão é como os usuários vão reagir.

O Android, o sistema móvel do Google, é a aposta da empresa para os smartphones.

O senhor acredita que o fato de a plataforma ser aberta faz dele um concorrente para o iPhone?

O Android tem a intenção de ser uma plataforma aberta, o que torna fácil para você fazer o download de novas aplicações. O iPhone tem aplicações mais restritas e a Apple deve decidir sobre quais serviços vão rodar nele. É um ambiente mais restrito.

Nossa filosofia é que se os clientes querem rodar uma aplicação que funcione nessa plataforma devem ser capazes de fazer isso. Então, a verdadeira resposta sobre a competição tem a ver com a criatividade da comunidade do software.

Quais as expectativas em relação ao Wave, considerado o e-mail do futuro?

Na verdade, o Wave é uma dramática integração de diferentes maneiras de se comunicar.

Nós acreditamos que o novo e-mail será poderoso para a colaboração, além de eliminar a separação entre mensagem instantânea, e-mail eletrônico, blog, e outros meios de interação.

O Wave diz: “Bem, estou pensando em um jeito para colocar tudo isso junto”.

Ele entende que cada um de nós procura diferentes maneiras de interagir. Se a ideia do Wave for entendida, isso não será realmente necessário.

O Google Chrome atingiu as expectativas?

O Chrome é uma contribuição muito popular porque é código aberto. Outras pessoas podem acrescentar novas ideias a ele. Isso é parte da filosofia do Google. Não achamos que toda a criatividade do mundo está no Google. Ela está em todos os lugares. Queremos tornar possível que as pessoas contribuam com suas ideias.

Há algum tempo o Google investe na computação nas nuvens (cloud computing).

O senhor acha que, no futuro, poderemos ter um sistema operacional completo naweb?

A resposta geral para sua pergunta é sim. Nós realmente acreditamos nessa noção de cloud computing, em que você pode acessar recursos fora do computador, além de qualquer coisa que você tenha em seu celular. Nós criamos um ambiente operacional onde o seu laptop ou o seu celular é parte de um sistema muito maior e isso é uma forma muito poderosa de trazer capacidade de computação às pessoas.

O senhor é considerado por muitos como o pai da internet, por ter desenvolvido o protocolo TCP/IP, que é a base de toda a rede. Hoje, como vê esse filho?

Antes de tudo, quero deixar bem claro que eu não me considero o único pai da internet.

É importante que todos saibam primeiro que outro homem, chamado Robert Kahn, e eu trabalhamos muito próximos no design original em 1973.

Quanto à sua pergunta, acho que, quando você cria uma infraestrutura como essa, algumas pessoas vão abusar, enquanto outras têm a oportunidade de inventar novas formas de usá-la. Infelizmente, algumas escolhem passar dos limites e colocar todos em risco.

É como um sistema rodoviário.

Infelizmente, algumas pessoas fazem coisas erradas, como beber e dirigir, e colocam todos em risco. Mas nós não paramos de construir rodovias ou fabricar carros quando há acidentes. Em compensação, dizemos: “Olha, se você abusar da estrada e nós pegarmos você, haverá consequências – como suspensão da carteira de motorista ou multas”.

Acho que o abuso na internet é como isso. Devemos alertar as pessoas de que se abusarem do sistema haverá muitas consequências.

Nos últimos anos, quais as novidades que surgiram na internet que chamaram a sua atenção?

Provavelmente, as coisas mais excitantes são os celulares, que se tornaram parte do ambiente da internet. A segunda coisa são ferramentas que estão aparecendo e que fazem parte da internet.

Todas elas estão se tornando parte do nossa rede e, quando isso acontece, elas também se tornam parte de nosso ambiente de informação. É algo extremamente rico e há muito mais coisas chegando.

No Brasil, o Orkut é um serviço de muito sucesso… O que acha da febre de redes sociais?

Acho muito ruim o fato de você entrar no Orkut e não poder se comunicar com alguém que esteja em alguma outra rede social. Estão todos separados.

O Wave foi uma intenção de tornar as coisas mais próximas. Outra coisa que fizemos foi oferecer o que chamamos de open social, com a intenção de permitir as redes sociais de interagirem entre si.

Historicamente, os serviços de e-mail eletrônico não se conectavam, até isso foi resolvido e as pessoas puderam se comunicar.

Atualmente, estamos vivendo a era da web 2.0. Como será a internet do futuro?

Empresas se desenvolvem na capacidade de suas redes de computação. Imagine como seria se todos os processos fossem automatizados# Para isso, nós temos formas de deixar esses processos e essas empresas interagirem entre si.

Acho que o futuro da web 2.0 e 3.0 vai ser um serviço de uma interação muito mais rápida entre as empresas, interagindo pela internet, como as redes sociais.

Opinião da Cysneiros Consultores:

Flammarion Cysneiros - CEO - ICOMUNI ConsultoriaPara Flammarion Cysneiros, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento de Projetos da ICOMUNI Consultoria, o Google se destaca mundialmente como um centro de referêcia tecnológica para a Sociedade da informação e do Conhecimento do sáculo XXI.

”A ICOMUNI Consultoria empresa há mais de 5 anos no mercado, sinaliza o interesse em firmar parceria com as universidades e centros de pesquisa para prover e disseminar soluções inovadoras e a baixo custo voltada para as micro e pequenas empresas do Nordeste do Brasil”.

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